19/03/2004

Episódio I do 2º Livro

Perderam-se nos braços um do outro, muitas vezes, nos dias que se seguiram. A paixão irrompia pela pele, pelo olhar. Até as pessoas com quem se cruzavam na rua sentiam um vento forte e quente que não sabiam entender, uma força gigantesca que as atingia como uma onda de calor invisível. Ligía conhecia esses sinais e ria por dentro por serem eles que provocavam todo esse tumulto por onde passavam.

Amaram-se em todas as divisões da casa. De uma vez, ao voltarem de um jantar tardio, experimentaram o vão das escadas do prédio e de costas para ele, semi-nua e encostada à parede fria, abafou os gritos que ameaçaram acordar toda a gente.

Ele conseguia deixá-la completamente desvairada. Com ele soltava a língua, a imaginação, as vontades mais caladas. O sexo era sem-pudor, intenso e maravilhoso. Quando, a sono solto, exausto, ele descansava por instantes, não raras vezes era acordado pelo som de uma mensagem recebida no telemóvel. Estremunhado e a murmurar palavrões pela hora imprópria, lia:
- Vem cá. Quero foder-te outra vez.

Levantava a cabeça a sorrir e do outro lado do quarto, Lígia sentada na cadeira de braços, fixava-o provocante e sensual, como só ela sabia ser.

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