29/02/2004

Episódio XXV - Poema

O poema da felicidade
Já foi cantado

O poema da paixão
Já foi chorado

O poema do amor
Já foi sentido

O poema perfeito
Somos nós...

20/02/2004

Episódio XXIV - Egoísmo

Amar como Lígia amava...querer como Lígia queria...Raras vezes tinha noção que se tornava egoísta e quase insensível aos sentimentos dele, às coisas dele. Pensava exclusivamente nos seus desejos, no seu bem-estar e exigia demais. De quando em vez, caía das nuvens e arrependia-se profudamente dessa maneira implacável e exacerbada de gostar. E da mesma forma sincera e humilde com que o amava tanto...pedia desculpa...

Episódio XXIII - Doce

Ele chegou tarde e cansado. Lígia aguardava-o, nervosa, inquieta, como um animal enjaulado que não consegue alcançar a sua presa. Recebeu-o com um abraço efusivo, um beijo sonoro, um sorriso de promessas.
Fê-lo sentar no sofá. Descalçou-o. Ajoelhou-se à frente dele e puxou o corpo dele para perto do seu.
Acariciou-lhe o rosto enquanto lhe beijava os olhos. Tocou-lhe nos lábios com a ponta dos dedos. Trincou-os devagar...primeiro um, depois o outro, e disse-lhe num múrmurio, com a boca colada ao pescoço dele:
-"És doce, és de mel...Deixa-me desapertar a tua camisa para sentir mais desta tua doçura.."
-"Deixa-me passar as mãos abertas pelo teu peito e descer com a boca até aos teus mamilos...deixa-me saboreá-los e tocar-lhes com a língua hirta..."

Desceu-lhe as mangas da camisa fazendo-as resvalar num gesto pelos ombros.

-"Deixa-me encostar o meu peito ao teu...deixa-me mostrar-te pelo contacto da pele como estou excitada.."
-"Desaperta a minha camisa..eu deixo e venero os teus dedos enquanto o fazes..."

Interrompeu-lhe o gesto para lhe molhar um dedo que fez depois deslizar em círculos pelo mamilo duro...

A primeira luz da manhã que irrompia pelas frinchas das persianas acordou-os num gesto preguiçoso e lento...

Episódio XXII - Mensagem

Desejaram-se um bom dia e saíram para trabalhar. A meio da manhã Lígia enviou-lhe uma mensagem:

"...quisera eu ser essa chávena onde pousas devagar os lábios para beber o café quente..quisera eu ser a caneta que pegas tantas vezes para trabalhar...dói-me a tua ausência..."

15/02/2004

Episódio XXI (3ª e última parte) - Dia dos Namorados

Caía a noite. A lareira espalhava uma luz amarela e quente pelo salão. Optaram por ficar no chão em cima da carpete branca e felpuda enquanto degustavam as iguarias deliciosas que ele havia escolhido para a ceia de ambos. Comiam devagar. Como um ritual antes do sexo que ambos desejavam e sabiam.Viraram-se um para outro para brindar com o champagne e comeram-se com os olhos. Ele viu-a como tinha pedido: mais doce, mais bonita e mais sensual que nunca. Inclinou-se para ela e sussurrou-lhe ao ouvido:
"- quero comer-te..."
Ela ouviu a voz dele como sempre acontecia:uma voz que se tornava física, com corpo, provocatória e excitante. Sentiu uma onda de calor e frio. Ele sorriu, um sorriso inquieto e desconcertante, enquanto levava as costas da mão ao peito dela que, através da blusa, deixava transparecer a dureza dos mamilos. E foi com o mesmo sorriso que lha tirou e em simultâneo subiu com a língua do umbigo até ao pescoço.
Ela abandonou-se e deitou o corpo na carpete. Ele ficou sentado a observá-la, a beber o champagne, guloso, a controlar a vontade doida que o assaltava, numa tentativa conseguida de torturar a espera a que os obrigava deliberadamente. Naquelas alturas via-a com uma luz diferente, envolta numa aura de claridade e sensualidade indescritíveis.
Pegou num cubo de gelo e percorreu com ele os pontos que sabia mais delicados e sensíveis. Demorou-se no peito, deixou escorrer umas gotas de água que depois lambeu e substituiu até ao ponto de ser apenas a saliva dele que a humedecia. Enquanto isto, ela pegou-lhe numa mão e beijou-a...dedo a dedo....trincando ao de leve cada um. Escolheu o polegar e fechou sobre ele a boca, sugando devagar, e lambendo a espaços a ponta do dedo.
Ele pensou que ia explodir com tanto desejo. Inclinou-se sobre o corpo dela com a intenção de a penetrar naquele instante mas ela fez-lhe um sinal negativo com a cabeça. Sem perceber o que se passava, viu-a soerguer o corpo à frente dele e virar-se de costas, apoiada nos joelhos e nas palmas das mãos.
Foi a sentir-se completamente delirante que descansou, enfim..ainda com os ecos dos gemidos profundos e levemente dolorosos que havia provocado em Lígia.

14/02/2004

Episódio XXI (2ª Parte) - Dia dos Namorados

A cabana ficava isolada da aldeia. Mais acima na serra, rodeada de pinheiros, surgia no fim do caminho de pó como uma casa rústica de um conto de ficção. Já tinha ouvido falar dela: pertença conjunta de um grupo de amigos era usada há alguns anos como refúgio em alturas de introspecção, festas de aniversário, passagens de ano. Tranpuseram a porta e ao fechá-la atrás de si, fecharam também o mundo exterior.
Intrigavam-na os dois cestos de verga que ele trouxera no porta-bagagens. Junto a eles também uma pequena mala de couro preto que ele costumava utilizar em curtas deslocações de trabalho.
Seguiu-o até à cozinha espaçosa e iluminada. Desvendaram-se ali os mistérios: mantimentos religiosamente escolhidos na prateleira de produtos finos e mais caros. Champagne, patês, ostras em gelo, caviar, tostas, morangos gigantes. Ligía sorriu. Sentiu-se no meio de uma cena de um filme que tinha apenas sonhado.

(continua...)

Episódio XXI (1ª Parte) - Dia dos Namorados

Acordou tarde. Esfregou os olhos e espreguiçou-se, sentada na cama. Ele já não estava deitado. Sorriu quando viu um cartão em cima da mesinha de cabeceira. O cartão tinha um coração pequenino no canto inferior direito:
"...bom dia, deusa !
...veste a roupa que escolhi para ti...quero-te mais doce, bonita e sensual do que alguma vez te sentiste...
...vem ter comigo ao jardim...estou no nosso banco...
..Beijos..."
Em cima da cadeira estava o conjunto branco que ele tanto gostava de lhe ver: calças e casaco. Dobrada, a t-shirt vermelha, justinha que, normalmente acompanhava o conjunto.
Encontrou-o no banco, 30 minutos depois. Ele ao vê-la a aproximar-se, levantou-se e dirigiu-se a ela com uma rosa vermelha na mão. Abraçou-a pela cintura com um braço e beijou-lhe a boca demoradamente. Ela sentiu o chão fugir-lhe debaixo dos pés. Pegou na rosa e caminharam até ao carro. Não perguntou onde a levava. Com ele iria até ao fim do mundo.

(continua..)

11/02/2004

Episódio XX - Dor

Às vezes pensava na morte.Ligía confrontava-se de quando em vez com pensamentos obscuros sobre o fim. O fim de tudo.
Nesses momentos prendia-se com unhas e dentes à vida porque não queria que a felicidade acabasse.Ficava com medo.

Tinha muito amor, muita paixão, muitos beijos e carinhos...tudo guardado num "cofre" que abria de tempos a tempos...às pessoas de quem realmente gostava.

Impossível perder a oportunidade de distribuir a maior fortuna que possuía...

10/02/2004

Episódio XIX - Poema

Sou um rio
Sou uma ponte
Sou um barco

Sou voz
Sou sentimento
Sou dor

Sou minha
Sou tua
Sou eternidade

Epsiódio XVIII - Vitória

Passeavam na praia. De pés descalços sentiam a espuma das ondas que morriam na areia. A lua brilhante e cheia iluminava a água que era um mar de prata. Às vezes ficavam assim, longos minutos, a sorver a energia do Oceano, de mãos dadas...

Lígia acreditava que no universo existisse uma alma gémea de cada ser humano. Difícil era que numa só vida estas duas almas se encontrassem.Quando olhava para ele, sorria vitoriosa...